13.8.11

Quase, quase nos 50


É verdade.
Estou quase lá.
E estes 2 últimos meses têm sido muito complicados porque se acaba sempre a fazer balanços de uma vida, a relembrar pessoas que passaram e a deitar fora o que não nos faz falta.
O balanço está feito e até não é assim muito mau: apesar de ter tido momentos muito maus apenas quero guardar os bons.
Conheci pessoas extraordinárias mas também privei com pessoas que me fizeram muito mal.
Das boas guardo memórias lindas das outras nem o nome quero mencionar.
Sinto de que algum modo a minha vida começou a mudar desde Abril para cá.
Tive a coragem de assumir que algumas coisas não estavam bem e empreender uma mudança.
Que não tem sido fácil.
Carrego uma bagagem muito pesada da qual só Deus me pode aliviar.
Mas naquilo que eu posso fazer já fiz.
Neste caminho deixei para trás uma "amizade" tóxica, facto de que me apercebi bastante tarde.....mas como diz o povo "mais vale tarde do que nunca!".
Mas desta relação falsa colhi algo positivo e se calhar era isso mesmo que tinha que acontecer.
Estou de volta a este cantinho, com gosto e cheia de vontade de partilhar com os poucos mas bons que me seguem os meus desabafos.
Obrigada aos meus leitores!

5.10.09

Jardins




O Jardim

Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências,
ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.

Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
composta pelo vento em sinuosas palmas.

Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio.
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena.
Sou uma pequena folha na felicidade do ar.
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis.
É aqui, é aqui que se renova a luz.

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"

28.9.09

O que ficou.........




Ruínas

Se é sempre Outono o rir das Primaveras,
Castelos, um a um, deixa-os cair...
Que a vida é um constante derruir
De palácios do Reino das Quimeras!

E deixa sobre as ruínas crescer heras,
Deixa-as beijar as pedras e florir!
Que a vida é um contínuo destruir
De palácios do Reino das Quimeras!

Deixa tombar meus rútilos castelos!
Tenho ainda mais sonhos para erguê-los
Mais alto do que as águias pelo ar!

Sonhos que tombam! Derrocada louca!
São como os beijos duma linda boca!
Sonhos!... Deixa-os tombar... Deixa-os tombar.

Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"